"Mickey 17": A Distopia Clonada de Bong Joon-ho Que Nos Faz Repensar a Vida (e a Morte)



Desde o estrondoso sucesso de "Parasita", o mundo tem aguardado ansiosamente cada novo projeto do visionário diretor sul-coreano Bong Joon-ho. E a espera valeu a pena. Lançado em 2025, "Mickey 17" mergulha de cabeça na ficção científica com um toque de humor negro e sátira social, nos presenteando com uma obra instigante que ecoa as melhores tradições do gênero.

Baseado no romance "Mickey7" de Edward Ashton, o filme nos transporta para o ano de 2054, um futuro onde a colonização espacial é uma realidade, mas a um custo humano peculiar.



A Premissa Que Nos Faz Questionar a Identidade

No coração de "Mickey 17" está a figura de Mickey Barnes (interpretado com maestria por Robert Pattinson), um "Descartável". Imagine um trabalho onde a morte não é o fim, mas apenas um pequeno inconveniente. Se um Descartável morre, um novo clone é prontamente ativado, com todas as memórias da iteração anterior intactas. Mickey 17, como o nome sugere, é o décimo sétimo clone de Mickey Barnes.

Essa premissa já nos joga em um abismo de questões existenciais:

  • O que define a identidade de uma pessoa? São suas memórias? Sua consciência no momento presente?
  • A vida tem o mesmo valor quando pode ser reiniciada indefinidamente?
  • Até que ponto um ser humano pode ser explorado e descartado?

Bong Joon-ho, com sua característica acidez, usa esse conceito para explorar a descartabilidade da mão de obra e a exploração em um sistema que valoriza o resultado acima da vida individual.

Humor Negro e Crítica Social Afiada

Como esperado do diretor de "Parasita", "Mickey 17" não se furta a usar o humor negro para suavizar (e ao mesmo tempo intensificar) a dura realidade que apresenta. As situações em que Mickey se encontra, muitas vezes cômicas em sua absurdidade, servem como um espelho para as falhas e hipocrisias da sociedade.

Além da exploração do "Descartável", o filme tece uma sátira política afiada, personificada por Kenneth Marshall (um brilhante Mark Ruffalo), um líder populista com intenções questionáveis para a colônia. É nesse embate que o filme atinge seu ponto mais alto, mostrando como a manipulação e a busca por poder podem corroer até mesmo as esperanças de um novo começo em um planeta distante.

Um Elenco de Peso Brilhando na Distopia

Além de Pattinson e Ruffalo, o filme conta com um elenco estelar que entrega atuações memoráveis:

  • Naomi Ackie como Nasha Adjaya, uma agente de segurança que se torna o principal elo humano de Mickey.
  • Steven Yeun como Timo, que adiciona complexidade ao universo da colônia.
  • Toni Collette como Ylfa Marshall, que complementa a figura de Kenneth Marshall.

A química entre os atores eleva a narrativa, tornando os dilemas pessoais e as tensões políticas ainda mais palpáveis.

A Mão de Bong Joon-ho: Estética e Ritmo

Visualmente, "Mickey 17" é um espetáculo. Bong Joon-ho cria um universo futurista que é ao mesmo tempo familiar e estranhamente alienígena, com uma paleta de cores e um design de produção que complementam perfeitamente a atmosfera da trama. A direção é precisa, alternando entre momentos de tensão, introspecção e alívio cômico com maestria.

O ritmo do filme, embora não seja frenético, é envolvente, construindo a trama camada por camada e deixando o espectador constantemente intrigado com os próximos passos de Mickey e as reviravoltas da história.

Vale a Pena Assistir?

Absolutamente. "Mickey 17" é mais do que um filme de ficção científica; é uma provocação filosófica disfarçada de entretenimento. Ele nos faz rir, nos faz pensar e, por vezes, nos deixa desconfortáveis com a ideia de um futuro onde a vida humana pode ser tão facilmente replicada e descartada.

Embora não tenha sido um sucesso estrondoso de bilheteria global (talvez por sua natureza mais complexa e menos "blockbuster"), a recepção crítica foi majoritariamente positiva. O filme já está disponível em plataformas de streaming como o Max, tornando-se uma excelente opção para quem busca uma experiência cinematográfica que vai além do convencional.

Se você é fã de Bong Joon-ho, de ficção científica com inteligência e de filmes que te fazem questionar a realidade, "Mickey 17" é uma parada obrigatória. Prepare-se para ser transportado para Niflheim e para refletir sobre o que realmente significa ser humano em um mundo de infinitas possibilidades.

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